Shadowside é uma banda brasileira de heavy
metal formada em 2001 na cidade de Santos. O grupo teve como primeiro
lançamento, um demo EP auto-intitulado, a imprensa especializada local não
poupou elogios, no qual os ajudou a construir uma base considerável de fãs. E
agora fala um pouco sobre planos, carreira e demais assuntos. Confiram...
Metal News: O que vocês esperam com a turnê pelo Brasil?
Dani Nolden: Esperamos matar a saudade dos fãs
brasileiros! Estávamos sinceramente com saudade de casa e não tocar com tanta
frequência no Brasil sempre foi algo que nos fez falta. Sempre quisemos fazer
uma turnê pelo país, tocar em várias cidades e finalmente estamos conseguindo
atender aos pedidos dos fãs por mais shows por aqui. Estamos muito felizes com
a recepção até agora, com o carinho dos fãs e acredito que os próximos
continuarão com a mesma pegada, com o público animado, cantando, curtindo do
começo ao fim, tanto quanto nós estamos curtindo estar no palco.
Metal News: Como a
banda esta lidando com o crescente sucesso internacional alcançado com o “Inner
Monster Out”?
Dani Nolden:
Nós não estamos deixando que isso nos afete muito... especialmente porque
sabemos que no próximo álbum, teremos o desafio nas mãos de fazer algo ainda
melhor. Estamos apenas curtindo o momento, contentes com o fato de que um
trabalho que nós gostamos tanto, que fizemos com prazer e sentimos que
atingimos o que estávamos buscando desde o começo da banda, estar agradando
também ao nosso público, tanto aqui quanto lá fora. Não estamos nos sentindo como estrelas, nem sentimos
que a responsabilidade aumentou, afinal sempre pensamos que deveríamos fazer o
melhor show que tínhamos capacidade de fazer, mesmo quando estávamos
engatinhando. Só está tudo mais divertido, pois podemos tocar mais vezes e
durante mais tempo!
Metal News: Como
vocês veem o cenário do Rock/Metal no Brasil atualmente, levando-se em conta a
grande mistura de estilos ditos “populares”?
Dani Nolden:
Eu acredito que estamos no melhor momento do cenário no Brasil. Mistura de
estilos é bem-vinda, quando é algo de bom gosto, bem feito... qualquer
tentativa de se fazer algo interessante e original é válida, na minha opinião.
Medo de criar só resulta em mais do mesmo e temos muitas bandas excelentes
atualmente. Não que não tivéssemos há anos atrás, mas acredito que hoje é mais
fácil ter uma banda e gravar um CD,
portanto talentos que costumavam ficar escondidos hoje podem mostrar
seus trabalhos e conseguir alguma exposição sem ficar na dependência de
gravadoras.
Metal News: O que
vocês aprenderam com o lançamento dos álbuns em termos de experiência,
convivência e afins?
Dani Nolden: Não apenas com os lançamentos, mas principalmente com as turnês, aprendemos a
respeitar os espaços e opiniões uns dos outros. Somos uma banda que aceita e
gosta de diferenças musicais, é onde encontramos nossa identidade. Não importa
se não gostamos de ouvir e fazer as mesmas coisas. Juntos somos uma banda,
somos o Shadowside, não precisamos ser iguais individualmente desde que todo
mundo pense no bem da banda. É muito difícil pensar em algo que poderia quebrar
a união desse grupo, pois podemos brigar, discutir, mas sabemos que tudo pode
ser resolvido. Não temos frescuras e não queremos ficar de mal quando alguém
não gosta do arranjo que o outro fez (risos). Confiamos uns nos outros, afinal
passamos pelas dificuldades juntos e conseguimos as coisas juntos, por isso
qualquer problema é sempre pequeno demais em nome de tudo que já superamos.
Metal News: Qual foi
a sensação de abrir shows de algumas grandes bandas como Nightwish, Helloween,
Primal Fear, Shaman e Iron Maiden?
Dani
Nolden: É sempre interessante dividir o palco com outros artistas, mas não
existe qualquer experiência parecida com a de ser a banda de abertura do Iron
Maiden, especialmente quando essa banda precisa ser aprovada por eles. Nós
somos uma banda bebê perto deles, tudo que conquistamos até hoje obviamente não
chega aos pés da carreira deles, e mesmo
assim fomos tratados com extremo respeito, sem limitações no som, com permissão
da equipe deles para entrarmos mais tarde no palco já que a abertura dos
portões havia atrasado e eles queriam que tocássemos já com a casa cheia. Foi
realmente uma honra tocar no mesmo palco que eles. Ser a banda de abertura é
sempre um desafio, porque você nunca sabe como o público vai reagir. Você tem 5
minutos para convencer as pessoas de que vale a pena prestar atenção durante aqueles
45, 60 minutos que você vai tocar antes deles decidirem que é melhor ir beber
(risos). Felizmente nunca tivemos problemas ou reações ruins em todas as
aberturas que tivemos, muito pelo contrário. Quando estávamos começando,
fizemos uma boa base de fãs tocando com artistas como Helloween e Nightwish.
Hoje nosso trabalho seja talvez um pouquinho mais complicado, pois além do
desafio de conquistar quem ainda não nos conhece, temos a responsabilidade de
agradar a quem já é fã. No início, não tínhamos responsabilidade alguma, pois
se a coisa não funcionasse, teríamos apenas que parar tudo e mudar de nome (risos).
Metal News: Quais são
os projetos futuros da banda?
Dani Nolden: Tocar
o máximo que pudermos, tanto aqui quanto no exterior! O álbum foi lançado
recentemente na Europa e nos Estados Unidos, portanto vamos continuar tocando
no Brasil por algum tempo enquanto o álbum se espalha por lá, então vamos
voltar a fazer turnês lá fora. É provável que a banda fique em turnê durante
boa parte de 2013, então acredito que só conseguiremos lançar um novo álbum em
2014, mesmo que ele fique pronto bem antes disso, afinal não teremos tempo para
gravá-lo antes do final de 2013. Talvez, mas ainda é um talvez muito distante,
começaremos a pensar em um DVD, mas apenas se conseguirmos fazer algo
especial. A única certeza é que
passaremos um bom tempo na estrada.
Metal News: Normalmente nos vemos bandas que batalham por um espaço, por reconhecimento de
trabalho e geralmente esse caminho é difícil, levando em conta “N” fatores,
como foi esse processo para vocês, do projeto de montar uma banda até o sucesso
alcançado hoje em dia?
Dani Nolden:
Não foi nem um pouco fácil. Muita gente tenta observar a nossa carreira e
percebe que muitas coisas aconteceram de forma rápida para nós, porém não foram
sem muito esforço, sem muitas noites sem dormir, sem escutar muitos “nãos” e
sem muitos problemas pelo caminho que quase resultaram no fim da banda mais de
uma vez. Nós sempre procuramos saber quais eram nossos limites... nunca tentar
ir além deles para não quebrarmos a cara. Sempre acreditamos no nosso
potencial, mas sabíamos que ninguém nasce grande, então sempre tivemos muita
paciência. Muitas bandas querem começar de cima, gravando um álbum e o enviando
para gravadoras, achando que serão descobertos... nós gravamos um EP, com 6
músicas, porque nossa verba não era suficiente para um álbum completo. Mesmo
assim, a gravação do EP não era algo fenomenal, porém era melhor do que a maioria
das bandas que começaram conosco exatamente porque nós decidimos gravar menos
músicas, com mais qualidades, e eles queriam gravar quantas músicas pudessem
colocar em um CD. Depois decidimos que não faríamos qualquer show, pois como
uma banda iniciante, tínhamos que aproveitar qualquer oportunidade para
impressionar o público. Não nos ajudaria tocar em qualquer lugar, com
equipamento ruim, acabaria contando contra nós. Então fizemos a escolha de
fazer poucos mas bons shows. Não tentamos fazer uma turnê pelo exterior até
termos certeza de que estávamos prontos para isso. Nunca desanimamos com cada
“não” que recebemos. Nós trabalhamos diariamente durante aproximadamente 6 anos
para fazer as oportunidades que temos hoje, como as turnês no exterior com
bandas como o W.A.S.P. Recebemos esse convite depois de perturbarmos o agente
deles durante quase 3 anos por uma chance (risos). Nós nunca desistimos, a
menos quando escutávamos um “não” explícito ou quando tínhamos nossos e-mails
ignorados, isso costuma ser a deixa da indústria de que a sua banda não é
interessante. Quando finalmente recebemos a chance, tivemos a certeza de que
estávamos preparados para isso. Cuidamos e cultivamos cada fã, seja no Brasil
ou no exterior. Muita gente, especialmente no início, achou que baseamos nossa
carreira em investimento financeiro, porém quando alguém chega perto para
realmente analisar nossa história, percebe como foi exatamente o contrário,
como fomos subindo aos poucos cada degrau, como o concurso que vencemos nos
Estados Unidos em 2007 nos levou a nossa primeira turnê internacional, como
essa turnê levou a segunda, como essas turnês nos permitiram gravar um novo CD
com mais estrutura, como isso nos levou a turnês por então 20 países e isso
então nos permitiu gravar mais um CD, nesse caso o Inner Monster Out, fora do
Brasil com Fredrik Nordström. Abrimos para o Iron Maiden em 2011 porque o dono
do estúdio onde gravamos o álbum Dare to Dream, em 2009, gosta muito de nós e
ele tinha relacionamentos com quem estava trazendo o Iron Maiden para o Brasil.
Então quando o Maiden exigiu que o show tivesse uma banda de abertura, o dono
do estúdio nos sugeriu ao promotor, que então sugeriu ao Iron Maiden, que nos
aprovou e escolheu. Muitas coisas nesse meio acontecem por causa de relacionamentos
assim, que você conquista com respeito aos outros e dedicação ao próprio
trabalho. Nunca estivemos dentro, nem formamos as famosas “panelinhas”. Tivemos
que comer pelas beiradas, fazer nossos caminhos, respeitar todo mundo a nossa
volta, importante dentro do meio ou não. Nós não começamos grandes, nem de
forma repentina. E ainda temos muito pra crescer!
Metal News: Falem um
pouco sobre como esta sendo ser o único representante brasileiro do “11th
Annual Independent Music Awards”?
Dani Nolden:
Eu nos inscrevi em segredo e sinceramente não
esperava que chegaríamos entre os 5 finalistas, por isso nem contei para os
caras. Quando soube que éramos finalistas, avisei a eles e foi como jogar uma bomba
no colo deles pois eles nem sabiam que estávamos participando (risos). É uma
honra podermos representar o Brasil dessa forma, é uma premiação muito
importante com jurados ainda mais importantes como Keith Richards e Ozzy Osbourne. Vencermos este prêmio é
mais um degrau que subimos, de forma muito mais especial que poderíamos esperar
ou querer, já que veio através do público. Os fãs deram esse prêmio para nós,
que já foi dado à bandas como Lacuna Coil há alguns anos atrás. Nós estamos
muito surpresos, acho que aos poucos estamos percebendo como o número de fãs
que nos segue está crescendo. Nenhum de nós imaginava que tínhamos chance de
vencer, especialmente porque algumas bandas realmente grandes estavam
competindo, como o Asking Alexandria. Para nós, a vitória deles era
praticamente certa. Lembro que na última semana de votação, os organizadores do
Independent Music Awards enviaram um e-mail à todos os finalistas, avisando que
o tempo para que os fãs votassem estava acabando e que todos deveriam fazer
suas últimas campanhas... como nós não acreditávamos que tínhamos chance,
acabamos deixando de lado, pois não queríamos encher o saco dos fãs por algo
que não conseguiríamos vencer... e então para nossa surpresa, o e-mail de
anúncio dos vencedores chega dizendo: "...e o vencedor da categoria álbum
de Metal/HardCore é... SHADOWSIDE!". Eu achei que era um daqueles e-mails
falsos, para roubar senhas, essas coisas... só acreditei quando vi no site
(risos). Tudo isso significa que avançamos um pouquinho mais, pois muita gente
importante como Ozzy Osbourne e Keith Richards, além de renomados profissionais
da indústria musical, fizeram parte desse concurso, além do prêmio ser em forma
de divulgação extensa nas rádios, em distribuição para milhares de pessoas de
um CD com músicas de todos os vencedores. É provável que isso resulte na maior
turnê pelos Estados Unidos que já fizemos até hoje, especialmente porque antes
de vencermos, também alcançamos a 9ª posição entre as bandas de Metal e Hard
Rock mais tocadas nas rádios dos EUA, de acordo com o CMJ. As coisas estão
acontecendo bem rápido, mas isso apenas significa que temos ainda mais trabalho
pela frente. Porém, estamos felizes por termos a oportunidade de representar o
país e estarmos recebendo um apoio fantástico dos fãs. Se perdêssemos, apenas o
fato de estarmos na final já nos abriu muitas portas e resultou em uma
exposição enorme para nós nos Estados Unidos. É provável que o Shadowside faça
sua maior turnê por lá como resultado de termos chegado tão longe na premiação.
Ainda estamos processando esta informação (risos).
Metal News: Que
conselho a banda tem a dar a bandas iniciantes?
Dani Nolden:
Que sempre se dediquem ao máximo ao que se propõem a fazer, sempre façam o
melhor possível e tenham cuidado com a própria arte. Não adianta ser a melhor
banda do mundo e sair pisando em companheiros de profissão, em fãs, em pessoas
da indústria musical. Se todo mundo no Iron Maiden é sensato e gentil, ninguém
mais tem o direito de ser grosseiro e arrogante com quem quer que seja. E sempre
tentem ser vocês mesmos, busquem sua própria identidade, sempre existe espaço
para todos que fazem boa música. Façam com o coração. Observem o que as outras
bandas para alcançar o sucesso e façam igual. Não invejem o sucesso dos outros,
façam perguntas... a grande maioria dos colegas de profissão estará mais que
disposta a dar conselhos!
Metal News: Em
primeiro lugar gostaria de agradecer a entrevista e todo apoio da Fúria Music,
então esse espaço é de vocês para falarem o que desejarem tanto deixar uma
mensagem aos fãs como falar um pouco mais sobre a nova turnê.
Dani Nolden: Muito
obrigada pelo espaço e pelo apoio, espero ver a todos vocês nos próximos shows
cantando e batendo cabeça, temos mais datas sendo agendadas então fiquem
ligados no site da Furia Music e nos sites do Shadowside pois todos os shows
confirmados serão publicados neles. Espero que todos estejam curtindo o Inner
Monster Out, nos vemos em breve!
Nós é que agradecemos imensamente pela entrevista concedida e torcemos para que a banda cresça ainda mais e consiga mostrar a força do metal brasileir, afinal o Brasil não é apenas um país de samba, mulata e futebol!!!
Segue uma das músicas de trabalho da banda para quem ainda não conhece!!
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